terça-feira, 18 de agosto de 2009

Espirais em um mundo submisso

Espirais em um mundo submisso
É meu conflito
O preto e branco do quadrado
Eu analiso
Espremendo todo dia meu círculo colorido
Dói por dentro e aperta o peito
Os caminhos mais felizes são estreitos
O grito é mudo
Exterior não conta nada
É burro
O Buraco fundo limita os sonhos
Expondo delírios ao planeta estranho de impossível passagem
Só há lugar para o fundo da boca
Que cospe a incolor viagem subjetiva da mente
Transparece silenciosa, o que sente
Esculpindo contrações espasmódicas do diafragma
Tenta-se a todo o momento
Resgatar o ausente encanto
Em meio a milhares de pensamentos
Insistentes, intactos
Alívio estudado
Conclusões de somente estados
Entre feridas expostas do passado
Machucados não presente, recordados
A caixa mágica não permite aprendizados apagados
Exercita-se sem maldade
O sonho de liberdade

Marisa Sou -

Ciranda das Estrelas

Acredito que um dia,
Quando eu conseguir entender
Pode ser que o céu e o mar se unam,
Inventando a cor que falta para compor o arco-íris
Acredito que um dia,
Haverá uma só guerra, aquela cujas almas despidas de vergonha
Lutarão incessante mente, de mãos dadas
Para que não falte o ar, a água, o solo...
Quando eu conseguir entender,
As gotas da chuva farão cócegas na superfície do mar,
E este, esbanjará sorriso às amigas nuvens,
Agradecendo a purificação da mãe natureza
Acredito que um dia
Os neurônios não precisarão mais se espremer
Para esperar, ansiosos por,
Quem irá sobreviver?
Até lá
Pode ser que
Até o sonhado dia chegar,
O pensamento estremeça, padeça, enlouqueça
Enquanto lobos continuarem roubando a feição dos cordeiros
Alimentarem as falsas palavras despejadas ao consciente
O espírito mofa, sobra pó, poeira e vestígios dos sonhos esquecidos,
Mas, haverá um dia, em que o canto dos pássaros será mais importante
Que promessas mentirosas,
Que tentam enganar o espírito de luta
Assassinando a esperança...
E,
Quando eu conseguir entender,
As estrelas dançarão ciranda.

Marisa Sou -

Não Definir, Não Limitar

Definir-se é limitar-se,
Limitar-se é duvidar da própria capacidade,
De tentar, ousar, lutar,
Duvidar do querer
Desperdiçar o prazer de conhecer, de se auto conhecer,
Matar os limites do desejo,
Empurrar os sonhos para baixo do tapete
Junto a poeira, que é nada perante a força
Do mais fraco vento, que transporta, que se vai..
Para um mundo sem janela, sem portas
Eu quero mais
Meu mais é estímulo para batalha,
É fonte de sustentação da estrada, as vezes
Rochosa, dolorida, da vida
A escrita, despeja no papel
Deslancha, solta, leve o pensar..
Sem existir,
Mostrar... Não ocultar,
Não definir, não limitar.

Marisa Sou -

Apelo Da Guerra Pela Paz

Miscelânea



Meu peito agora dispara,
O pulso multiplica-se a cada amanhecer
Não para,
O sol reverencia humilde e,
Alimenta o convite para o viver
Dispara,
É constante, borbulhar áxil e dendrítico
Neurônio
Lembrar que as chaves que abrem porta pro prazer
Devem permanecer
O segredo da vida está em viver
Não para; Dispara
Os segundos estão em guerra lá fora
Sorrisos artificiais, tornando-se banais,
Esperando sinais,
Pra abandonar tudo que não quero mais,
A alma apela pela paz,
Morte a guerra que se causa,
Que se faz,
Parece não acabar jamais
Estado de pensamento fugaz,
Pra não rotinar o que não satisfaz,
A alma quer mais; Espera-se mais,
Da mente doente, ordens inconsequentes
Alimentando regresso
Pra falta de sucesso; Enfim
Abre espaço para sedição diária,
Me olhando, e achando que
Estou em cima do caixote colorido de madeira,
Lastimável pensamento,
Não sou espetáculo para satisfação alheia
Aos meus pensamentos,
Levados pelo vento,
Porque o tempo,
Não volta atrás.

Marisa Sou –

Zzzz Silêncio

Era um bichinho
Pequeno, bichinho arteiro
Brincando com o catavento
Zunindo silêncio, acompanhando os ponteiros
Era um bichinho
Sorriso ingênuo
Chorava de manha
E parava depois
Quando a mão estendia oferecia
Brincadeiras
Era um bichinho
Bonito, bonitinho
Faceiro esperava datas para
Acontecimentos marcantes
Hoje insignificantes
Era um bichinho
Do colo nascia o afeto, o carinho
No aquário observava os peixinhos
Era um bichinho
Atolado de dúvidas, atrelado a perguntas
Sem sentido, engraçadas
Hoje não acha mais graça
A verdade bate a porta
Vestida de coragem
Pro bichinho sair
Andar sozinho
Pois antes era só um bichinho
Sem preocupações
Sempre teve razões
Pra gargalhar situações
Que um simples bichinho não pode resolver
A ordem natural é esperar o tempo correr
A vida se refazer
Pra ele nascer
Afinal,
Era só um bichinho

Marisa Sou -

É Só



E algumas coisas
Que pude desfrutar talvez eles só vejam na TV
Quando as luzes se apagarem
O fajuto conhecimento dorme
A mente ferve
A proximidade do calor
É só
Será o poder dele tão forte para levar o ar,
A água, o vento?
A mente ferve
O pensamento aquece
É só
Continuarei a sonhar depois de acordar
Sim, ainda estarei dormindo quando acordar
Não esquenta
Não ferverá
Pelo menos meus futuros poderão
Respirar do jeito que desejo.

Marisa Sou –

Vermelho Cor



Querem que obedeçamos
Faz-me jazer sem querer
A pressa de assistir
Crer, ver, ser;
Fazendo-me ainda arrancar
Ainda consigo arrancar
Do peito
O desprezar; A dor; O sofrer
Respeito sempre se fará
Prevalecer
Meu líquido espesso,
Plasmas, celuloses
Degradam nossos metabolismos de forma
Unificada
Vermelho cor;
As diferenças estão no escorrer
Se pudessem escolher
Enquanto os ponteiros passeiam
Faz-me jazer sem querer
A pressa de assistir
Crer, ver, ser
Se pudessem escolher
Entrelaçar de mãos em um todo
Similar
Nossas sim;
E fá-los-ia entender
Se realmente pudessem escolher

Marisa Sou -

Eu gosto do que arde

Eu gosto do que arde
O que arde e queima
Aprende
Instinto consciente
Estático fogo; Calor sente
Existe o exótico
Que pulsa e se estende
Pro universo sem porta
Saída, proibida
Até que permita
Não escurecer
Não espairecer
Os limites do desejo
Vontades do prazer
Até quando for possível
Estar com você
Enxergando alma
Além do que se vê


Marisa Sou -

A poesia é uma pintura cega

A poesia é uma pintura cega

Cores em vogais

Somadas as consoantes

E traços moldados

Pelas sílabas representados

Cuidado com o precioso quadro delicado

De letrinhas enfeitado

Nem sempre interpretado

A todos os olhos

São como nuvens abstratas

Esculpem o que eu quiser

Eu escrevo e sinto

A mente é um labirinto

Onde moldar um belo traço

É seguir o próprio instinto

Os pincéis do pensamento

Aguçam meu contentamento

E na tela da vida

Tintas de desejo



Marisa Sou -